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sábado, 24 de maio de 2014

NOTIFICAÇÃO SOBRE HISTOPLASMOSE EM CAMPO FORMOSO - BA.




Foram confirmados quatro casos de histoplasmose, (três adolescentes e um adulto) residentes em Senhor do Bonfim - BA, que visitaram a gruta do Convento (Campo Formoso - BA.) em excursão realizada em 05 de Abril de 2014 com estudantes de 14 a 16 anos. 
Na ocasião fizemos a travessia da caverna com abundância de água, passamos quatro horas dentro da água e em alguns trechos havia consideráveis colônias de morcegos, e foi possível observar guano (excrementos de morcego) na água. 
Turma de 1 ano do ensino médio na gruta do convento- 05/04/14

regiões alagadas das cavernas visitadas na excursão. 


Dias após a excursão parte dos alunos apresentaram pequena reação com febre e três casos foram confirmados como sendo casos de histoplamose crônica em que o sistema respiratório é gravemente afetado.

Esses alunos foram devidamente diagnosticados e tratados em Petrolina e Salvador. Nas cidades de Campo Formoso e Senhor do Bonfim não foram encontrados os antibióticos recomendados para o tratamento da doença. 

O objetivo dessa postagem é fazer a notificação do caso, uma vez que os casos de histoplasmose no Brasil são subnotificados na região Nordeste. E principalmente prestar esclarecimentos sobre a doença o tratamento e, sobretudo as medidas a serem tomadas para vigilância e controle.

A histoplasmose é uma infecção respiratória causada por um fungo chamado de Histoplasma capsulatum é adquirida por inalação de esporos dispersos em guano (fezes de morcegos e de aves). A incidência de histoplasmose é mundial. No Brasil os principais casos estão registrados na região sudeste onde mais de 80% dos adultos com mais de 20 anos mostram se positivos ao teste cutâneo de sensibilidade a histoplasmose, esse método clinico reconhece infecções passadas assintomáticas e estabelece a endemia da doença em uma região. 

A maneira mais comum de inalar o esporo do fungo é através dos galinheiros, minas abandonadas, limpeza de porões e forros de casa e visitação à cavernas. 

A gravidade da doença está na dependência da intensidade da exposição, da quantidade de esporos inalados e principalmente da imunidade do hospedeiro. Em indivíduos saudáveis, uma baixa intensidade de exposição na maioria dos casos causa infecção assintomática ou pouco sintomática com sintomas que podem ser confundidos com uma gripe. Em intensa exposição os indivíduos podem apresentar doença pulmonar grave. 

Na forma assintomática (indivíduos saudáveis e com baixa intensidade de exposição) a doença tem regressão espontânea e passa despercebida.

Os esporos inalados chegam ao pulmão e sofrem a primeira resposta inflamatória que é feita por células chamadas de macrófagos esses não conseguem destruir os esporos que ganham a circulação sanguínea. Após a segunda ou terceira semana do inicio da infecção desenvolve se uma resposta celular efetiva com anticorpos que são capazes de eliminar os fungos que podem muitas vezes formar células que fibrosam e calcificam no pulmão sem nenhuma consequência para o hospedeiro. Esse tipo de resposta imune leva a cura da infecção e as pessoas adquirem memória imunológica se tornando resistente a novas infecções.

A forma pulmonar crônica é uma doença oportunista, compromete indivíduos portadores de enfisema pulmonar e indivíduos imunodeprimidos, anêmicos e leucopênicos entre outros. Nesses indivíduos se a infecção não for tratada pode levar ao óbito. 

Resumindo: a doença pode ser benigna ou grave existindo uma estreita relação entre a quantidade de esporos inalados e a imunidade do hospedeiro. 

Embora as micoses não sejam doenças de notificação, no caso da histoplasmose por apresentar se como problema de saúde publica e que ocorre em atividades ocupacionais ou de lazer, propõe se que devem ser notificadas a respectivas secretarias de saúde, do município e do Estado.

Primeiras medidas a serem adotadas em caso de suspeita de histoplasmose:

Os casos com sintomatologia leve pode se optar por não tratar o paciente, pois o quadro evolui para cura espontânea. Os casos com sintomatologia moderada pode ser tratado ambulatoriamente. Os casos graves devem ser hospitalizados. 

Os exames radiológicos não são específicos para o diagnóstico, nos casos graves o aspecto radiográfico se assemelha ao da tuberculose, com nódulos solitários ou nódulos múltiplos com calcificação. 

O tratamento

Há evidencias fortes de que a maioria dos doentes não necessita de tratamento da forma aguda da histoplasmose, como ocorreu na microepidemia que atingiu 17 crianças em Niterói (RJ). Todas exceto uma não requereram tratamento antifúngico. (ver referencia no final da postagem) 

Para o tratamento domiciliar ou ambulatorial, o itraconazol é o medicamento de escolha; Quando o paciente requer internação, a Anfotericina B é recomendada por ser mais efetiva embora tenha mais efeitos colaterais. 



É fundamental o repasse dessas informações acerca da doença, risco de aquisição etc, os quais devem ser divulgadas por meios de comunicação responsáveis bem como através de palestras e técnicas pedagógicas nas regiões onde há incidência. 


referencias: 
Ferreira e Borges 2009 - histoplasmose, revista brasileira de medicina tropical. link: revista brasileira de medicina tropical

Unidade de vigilância de doenças respiratórias 2010.
Link: histoplasmose

Aidé 2009 - curso de atualização em micoses. 


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