O município de Campo Formoso é
destaque no cenário da espeleologia nacional, devido principalmente as maiores
cavernas brasileiras que estão situadas no seu interior. Porém durante quase 30
anos todos os estudos espeleológicos se concentraram na região de laje dos
negros onde estão localizados a Toca da Boa Vista e a Toca da Barriguda enquanto que outras
áreas com imenso potencial têm sido negligenciadas.
A Sociedade Espeleológica Azimute (SEA) tem se esforçado para preencher esse vazio de estudos nesse território tão rico em cavidades
naturais.
O mapa de Campo Formoso com a localização de algumas cavernas. Até recentemente os estudos espeleológicos eram restritos a região norte do município onde estão a TBV e Gruta do Convento. A SEA começa a realizar estudos na região oeste onde está a Toca do Gonçalo e a recém - descoberta área leste do município onde está a Toca da Pedra.
A história começa em junho de 2013, quando Josan recebeu
informações sobre algumas cavernas na vila chamada Riacho dos Pauzinhos e me
fez o convite para conferir.
Na ocasião conhecemos o dono da fazenda que seria nosso guia
o “ capão”. Ele nos apresentou 3 grutas próximas, exploramos superficialmente uma delas e
decidimos marcar uma expedição para fazer nossa primeira visita técnica.
No dia 12 de julho de
2014 finalmente cumprimos nossa promessa
e voltamos com uma equipe de expedição ao extremo leste de Campo Formoso,
a região entre Tuiutiba e
Araras.
Registro da primeira visita a entrada da Toca da Pedra em Junho de 2013. Capão, Talita, Josan, André, Diego e seu Zé.
A expedição contava com 18 integrantes e marcava também a
inauguração de nossos novos uniformes. O ponto de partida e o nosso primeiro café é na casa de J, saindo de lá a próxima parada foi em Tuiutiba onde
reforçamos o café e marcamos nossa janta.
café na casa de Josan.
Integrantes da expedição TP. Ágata Correia, Jéssica Dias, Matheus Henrique, Virginio Aguiar, Cláudia Torres, André Vieira, Paulo Raimundo, Filipi Kupi, João Brexó, Alexandre Santos, Ivomar Gitânio, Edson Silva, Jonh Graysson, Josan Cláudio, Claudiney Dias, Gilson Araújo, Altemar Serafim e Jeane Galvão.
Chegamos à vila dos pauzinhos quase meio dia, com o sol a
pino fomos conferir informações de outra caverna recém-descoberta, registramos
um abismo de uns 10 metros que se tornava inviável
de descer sem equipamento vertical que não dispúnhamos no momento. Então
voltamos ao plano inicial de visitar a Toca da Pedra que capão tinha nos
apresentado um ano antes.
Chegada a vila do riacho dos pauzinhos.
procurando novas grutas.
Nova caverna descoberta na fazenda do louro, a entrada só é possível através de técnicas verticais.
A turma foi dividia em dois grupos: um grupo iria à frente
fazendo a exploração, descobrindo os melhores caminhos e as principais dificuldades.
Enquanto que outro grupo iria atrás fazendo a topografia, que é um trabalho
lento e que exige paciência.
O grupo da exploração ficou assim:
Paulo Batista - Altemar Serafim - Edson Silva- Claudiney
Dias - Ágata Correia - Matheus Henrique - Cláudia Torres - João Brexó - Jonh Graysson - Gilson Araujo e Jeane Galvão.
A equipe de topografia foi assim representada:
André Vieira - instrumentista;
Filipi Kupi e
Alexandre Santos - Pontas de Trena
Jéssica Dias - Anotadora
Ivomar Gitãnio - Croquista
Josan Cláudio - apoio
Virginio Bento - Fotografia
os preparativos para exploração.
Ney e Altemar na entrada da Toca da Pedra.
A equipe de exploração foi na frente e logo após passar pelo
estreito declive que é a entrada da Toca da Pedra tiveram seu primeiro
obstáculo. Uma das integrantes que fazia sua primeira expedição sentiu o choque
inicial de adentrar em um mundo sem luz e abafado. Jeane passou mal e
ameaçava retornar, o grupo ficou apreensivo com a situação.
Enquanto isso a equipe de topografia lentamente registrava
as medidas da entrada e sem muita dificuldade chegamos ao primeiro grande salão
da caverna. Com o teto ultrapassando facilmente a marca de 10m, passamos um bom
tempo para fazer toda a topografia do salão enquanto que Virgínio experimentava
coisas como: (tempo de exposição, ISO e abertura do obturador da câmera) na
esperança de conseguir sua primeira foto em cavernas.
A topografia no primeiro salão que denominamos principal. A topografia é feita com bussola, trena, clinômetro e um croqui. Os dados são anotados e depois processado por um programa de computador resultando na planta baixa da caverna.
Esse foi o mapa feito após a topografia, a entrada fica no norte e a caverna se desenvolve para o leste em direção ao salão saquinho. Para entender o mapa imaginem que estão vendo por cima como se a caverna não tivesse teto e os contornos do mapa são as paredes da Toca.
Na equipe de exploração depois de alguma conversa
conseguiram convencer Jeane a superar seus medos e seguiram explorando os primeiros
condutos e salões. Paulo e Altemar
lideravam o grupo marcando o caminho com pequenas placas de zinco que são
coletadas no retorno. Os condutos
laterais que se apresentavam eram explorados principalmente por Ney, Ágata e Gilson.
Duas horas após a entrada Paulo tentou a exploração de um conduto lateral
estreito, foi se espreitando até ficar preso entre as paredes do conduto e sem
ninguém por perto para pedir ajuda se
viu em apuros.
Na topografia após realizarmos as medidas e os desenhos do
grande salão principal percebemos várias pequenas passagens que esperaríamos pela
equipe de exploração, nosso guia capão nos informava que ali no salão principal
a caverna se divide em dois caminhos um mais fácil e outro maior, porém mais
complicado.
Neste dia seguimos o mais fácil, que são os condutos que se dirigem
para o lado leste. Logo após o salão
principal o teto fica bem mais baixo em um salão de grande extensão (ultrapassa 60 metros de comprimento) foi
batizado de salão saquinho. A caverna apresenta um calcário claro que lembra
muito o calcário da Toca da Barriguda, entretanto ao contrário da barriguda a toca da pedra é pouco ornamentada de estalactite e estalagmite. No salão
saquinho ainda podemos observar uma tímida ornamentação de pequenas
estalactites e algumas poucas estalagmites.
Um trecho do salão saquinho, teto baixo mas com grandes dimensões de comprimento e largura.
Lá na exploração o grupo estava preocupado com Paulo que
demorava mais que o normal. Jonh e Brexó foram ao resgate e eles voltaram
comentando que o conduto não era viável pelo menos para Paulo Barriga. Dessa forma o grupo
deu continuação à exploração volta e meia entrando em passagens laterais que
chegavam ao mesmo lugar. A maior parte do grupo sentou para fazer um lanche no
salão mais largo que encontraram e aproveitaram para contar histórias de terror
que não foram bem sucedidas. Chegaram ao final desse lado da caverna e
retornaram para encontrar a equipe de mapeamento.
Detalhe pra Paulo após o sufoco das passagens estreitas.
As equipes se encontraram justamente na passagem estreita
que Paulo tinha ficado entalado, nessa ocasião Virgínio estava explorando pra
saber se valeria a pena a gente ir topografar aquele conduto, e voltou
dizendo que valeria dar uma conferida por que as passagens estreitas se alargam
mais a frente. Ficamos no empasse e deixamos essa parte em aberto no mapa;
detalhe no mapa do local de passagem estreita que deixamos em aberto, onde tem a interrogação.
Nosso guia Capão avisou que tinha outro caminho na caverna
pra explorar a partir da zona de entrada, sendo assim enquanto a equipe de
topografia iria até o final desse lado leste da caverna fazer o mapa; A equipe
de exploração retornaria ao salão principal e tentaria explorar esse outro
lado.
A equipe da topografia e mapeamento parou para lanchar no
mesmo salão da equipe de exploração o que nos deu a ideia de batizar o lugar
como salão do rango, esse salão tem muitos blocos empilhados e entre esses
blocos descobrimos alguns buracos cabulosos mas ninguém teve coragem de
explorar por ali. Também no salão do rango tem um recuo em que há uma grande
quantidade de guano antigo, deixamos essa área também em aberto para futuras
explorações.
Salão do Rango
Mapeamos o último salão onde parece que não há mais
prosseguimento, quando Capão nos mostra um buraco que guarda uma ossada quase
completa de um tamanduá mirim. E por isso esse salão do lado leste ficou
conhecido como salão do tamanduá
detalhe do fóssil de tamanduá encontrado na parte mais distante da entrada.
Retornamos e chegamos ao salão principal encontramos a
equipe de exploração deitada cochilando, segundo eles, tentaram todas as
passagens, todos os buracos e não conseguiram encontrar um caminho para o que capão chamou de maior
parte da caverna. Perguntamos a capão onde fica essa passagem secreta e ele se
limitou a dizer que agora não dava mais tempo ir lá. Ficamos com a pulga atrás
da orelha se essa passagem existe ou não. De qualquer forma um dos amigos de
capão nos mostrou algumas fotos desse lado secreto da caverna e me pareceu que
ele é real. Ficamos então esperando a próxima expedição para a Toca da Pedra
para confirmar nossas suspeitas.
depois de uma boa cavernada hora das resenhas
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