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terça-feira, 15 de julho de 2014

EXPEDIÇÃO TOCA DA PEDRA: Em busca de novos horizontes



O município de Campo Formoso é destaque no cenário da espeleologia nacional, devido principalmente as maiores cavernas brasileiras que estão situadas no seu interior. Porém durante quase 30 anos todos os estudos espeleológicos se concentraram na região de laje dos negros onde  estão localizados a Toca da Boa Vista e a Toca da Barriguda enquanto que outras áreas com imenso potencial têm sido negligenciadas.

A Sociedade Espeleológica Azimute (SEA) tem se esforçado para preencher esse vazio de estudos nesse território tão rico em cavidades naturais.

O mapa de Campo Formoso com a localização de algumas cavernas. Até recentemente os estudos espeleológicos eram restritos a região norte do município onde estão a TBV e Gruta do Convento. A SEA começa a realizar estudos na região oeste onde está a Toca do Gonçalo e a recém - descoberta área leste do município onde está a Toca da Pedra.

A história começa em junho de 2013, quando Josan recebeu informações sobre algumas cavernas na vila chamada Riacho dos Pauzinhos e me fez o convite para conferir.

Na ocasião conhecemos o dono da fazenda que seria nosso guia o  “ capão”.   Ele nos apresentou  3 grutas próximas,  exploramos superficialmente uma delas e decidimos marcar uma expedição para fazer nossa primeira visita técnica.

 No dia 12 de julho de 2014 finalmente cumprimos  nossa promessa e voltamos com uma equipe de expedição ao extremo leste de Campo Formoso, a região entre Tuiutiba   e Araras. 

Registro da primeira visita a entrada da Toca da Pedra em Junho de 2013. Capão, Talita, Josan, André, Diego e seu Zé. 

A expedição contava com 18 integrantes e marcava também a inauguração de nossos novos uniformes. O ponto de partida e o nosso primeiro café é na casa de J, saindo de lá a próxima parada foi em Tuiutiba onde reforçamos o café e marcamos nossa janta. 



café na casa de Josan. 


Integrantes da expedição TP. Ágata Correia, Jéssica Dias, Matheus Henrique, Virginio Aguiar, Cláudia Torres, André Vieira, Paulo Raimundo, Filipi Kupi, João Brexó, Alexandre Santos, Ivomar Gitânio, Edson Silva, Jonh Graysson, Josan Cláudio, Claudiney Dias, Gilson Araújo, Altemar Serafim e Jeane Galvão.


Chegamos à vila dos pauzinhos quase meio dia, com o sol a pino fomos conferir informações de outra caverna recém-descoberta, registramos um abismo de uns 10 metros  que se tornava inviável de descer sem equipamento vertical que não dispúnhamos no momento. Então voltamos ao plano inicial de visitar a Toca da Pedra que capão tinha nos apresentado um ano antes. 



Chegada a vila do riacho dos pauzinhos. 



procurando novas grutas. 


Nova caverna descoberta na fazenda do louro, a entrada só é possível através de técnicas verticais.

A turma foi dividia em dois grupos: um grupo iria à frente fazendo a exploração, descobrindo os melhores caminhos e as principais dificuldades. Enquanto que outro grupo iria atrás fazendo a topografia, que é um trabalho lento e que exige paciência.

O grupo da exploração ficou assim:
Paulo Batista - Altemar Serafim - Edson Silva- Claudiney Dias - Ágata Correia - Matheus Henrique - Cláudia Torres - João Brexó -  Jonh Graysson - Gilson Araujo e Jeane Galvão.

A equipe de topografia foi assim representada:
André Vieira - instrumentista;
Filipi Kupi  e Alexandre Santos - Pontas de Trena
Jéssica Dias - Anotadora
Ivomar Gitãnio - Croquista
Josan Cláudio - apoio
Virginio Bento - Fotografia

os preparativos para exploração. 

Ney e Altemar na entrada da Toca da Pedra. 

A equipe de exploração foi na frente e logo após passar pelo estreito declive que é a entrada da Toca da Pedra tiveram seu primeiro obstáculo. Uma das integrantes que fazia sua primeira expedição sentiu o choque inicial de adentrar em um mundo sem luz e abafado. Jeane passou mal e ameaçava retornar, o grupo ficou apreensivo com a situação. 

Enquanto isso a equipe de topografia lentamente registrava as medidas da entrada e sem muita dificuldade chegamos ao primeiro grande salão da caverna. Com o teto ultrapassando facilmente a marca de 10m, passamos um bom tempo para fazer toda a topografia do salão enquanto que Virgínio experimentava coisas como: (tempo de exposição, ISO e abertura do obturador da câmera) na esperança de conseguir sua primeira foto em cavernas.


A topografia no primeiro salão que denominamos principal. A topografia é feita com bussola, trena, clinômetro e um croqui. Os dados são anotados e depois processado por um programa de computador resultando na planta baixa da caverna. 


Esse foi o mapa feito após a topografia, a entrada fica no norte e a caverna se desenvolve para o leste em direção ao salão saquinho. Para entender o mapa imaginem que estão vendo por cima como se a caverna não tivesse teto e os contornos do mapa são as paredes da Toca.



Na equipe de exploração depois de alguma conversa conseguiram convencer Jeane a superar seus medos e seguiram explorando os primeiros condutos e salões.  Paulo e Altemar lideravam o grupo marcando o caminho com pequenas placas de zinco que são coletadas no retorno.  Os condutos laterais que se apresentavam eram explorados principalmente por Ney, Ágata e Gilson. Duas horas após a entrada Paulo tentou a exploração de um conduto lateral estreito, foi se espreitando até ficar preso entre as paredes do conduto e sem ninguém  por perto para pedir ajuda se viu em apuros. 

Na topografia após realizarmos as medidas e os desenhos do grande salão principal percebemos várias pequenas passagens que esperaríamos pela equipe de exploração, nosso guia capão nos informava que ali no salão principal a caverna se divide em dois caminhos um mais fácil e outro maior, porém mais complicado. 

Neste dia seguimos o mais fácil, que são os condutos que se dirigem para o lado leste.  Logo após o salão principal o teto fica bem mais baixo em um salão de grande extensão (ultrapassa 60 metros de comprimento) foi batizado de salão saquinho. A caverna apresenta um calcário claro que lembra muito o calcário da Toca da Barriguda, entretanto ao contrário da barriguda a toca da pedra é pouco ornamentada de estalactite e estalagmite. No salão saquinho ainda podemos observar uma tímida ornamentação de pequenas estalactites e algumas poucas estalagmites. 

Um trecho do salão saquinho, teto baixo mas com grandes dimensões de comprimento e largura. 

Lá na exploração o grupo estava preocupado com Paulo que demorava mais que o normal. Jonh e Brexó foram ao resgate e eles voltaram comentando que o conduto não era viável pelo menos para Paulo Barriga. Dessa forma o grupo deu continuação à exploração volta e meia entrando em passagens laterais que chegavam ao mesmo lugar. A maior parte do grupo sentou para fazer um lanche no salão mais largo que encontraram e aproveitaram para contar histórias de terror que não foram bem sucedidas.   Chegaram ao final desse lado da caverna e retornaram para encontrar a equipe de mapeamento. 



Detalhe pra Paulo após o sufoco das passagens estreitas. 

As equipes se encontraram justamente na passagem estreita que Paulo tinha ficado entalado, nessa ocasião Virgínio estava explorando pra saber se valeria a pena a gente ir topografar aquele conduto, e  voltou dizendo que valeria dar uma conferida por que as passagens estreitas se alargam mais a frente. Ficamos no empasse e deixamos essa parte em aberto no mapa; 

detalhe no mapa do local de passagem estreita que deixamos em aberto, onde tem a interrogação.


Nosso guia Capão avisou que tinha outro caminho na caverna pra explorar a partir da zona de entrada, sendo assim enquanto a equipe de topografia iria até o final desse lado leste da caverna fazer o mapa; A equipe de exploração retornaria ao salão principal e tentaria explorar esse outro lado. 

A equipe da topografia e mapeamento parou para lanchar no mesmo salão da equipe de exploração o que nos deu a ideia de batizar o lugar como salão do rango, esse salão tem muitos blocos empilhados e entre esses blocos descobrimos alguns buracos cabulosos mas ninguém teve coragem de explorar por ali. Também no salão do rango tem um recuo em que há uma grande quantidade de guano antigo, deixamos essa área também em aberto para futuras explorações. 



Salão do Rango

Mapeamos o último salão onde parece que não há mais prosseguimento, quando Capão nos mostra um buraco que guarda uma ossada quase completa de um tamanduá mirim. E por isso esse salão do lado leste ficou conhecido como salão do tamanduá

detalhe do fóssil de tamanduá encontrado na parte mais distante da entrada. 

Retornamos e chegamos ao salão principal encontramos a equipe de exploração deitada cochilando, segundo eles, tentaram todas as passagens, todos os buracos e não conseguiram encontrar  um caminho para o que capão chamou de maior parte da caverna. Perguntamos a capão onde fica essa passagem secreta e ele se limitou a dizer que agora não dava mais tempo ir lá. Ficamos com a pulga atrás da orelha se essa passagem existe ou não. De qualquer forma um dos amigos de capão nos mostrou algumas fotos desse lado secreto da caverna e me pareceu que ele é real. Ficamos então esperando a próxima expedição para a Toca da Pedra para confirmar nossas suspeitas.

depois de uma boa cavernada hora das resenhas


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