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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Expedição GEMA/SEA: O potencial espeleológico de Mirangaba- BA.





Em março de 2017 se propagou pelas redes sociais a notícia de que uma caverna recém-descoberta no interior de algum povoado pertencente à cidade de Mirangaba no centro norte da Bahia apresentava ossadas de animais pré-históricos. Foi o suficiente para mudar a nossa programação e incluir uma visita a Mirangaba no cronograma oficial de expedições da SEA. 





A expedição coincidiu com a oportunidade para compartilhar conhecimentos com os integrantes do Grupo GEMA (Geografia, Ecologia Espacial e Modelagem Ambiental) vinculados a Univasf/Senhor do Bonfim - BA. 


Estevan Eltink tinha o contato de um morador que nos levaria a tal caverna. Dom Jorge era o nome do contato, e o sábado do dia 18/03 no povoado de Taquarendi foi decidido como data e local do encontro com Dom Jorge. 


Inicialmente houve uma divergência interna sobre qual seria a melhor rota pra chegar a Taquarendi, sobretudo considerando a intensidade das chuvas nos últimos dias e o estado das estradas não pavimentadas. Apesar dos contratempos todo o grupo já estava reunido para almoçar em Taquarendi antes do meio dia.

 Vista área realizada através de drone das novas cavernas prospectadas em Mirangaba. 



Perrengues na estrada devido as fortes chuvas!


Primeiramente....





Encontramos Dom Jorge e entre muitas estórias ele nos explicou que são três cavernas próximas e que apesar de há tempos conhecida pelos seus ancestrais só recentemente ele e mais dois amigos reuniram coragem para dar alguns passos além da entrada e fizeram registro das ossadas que divulgaram nas redes sociais. 


A primeira caverna que visitamos foi batizada de Toca do Maurino em uma justa homenagem a Maurino “canário” que segundo Dom Jorge era o mais entusiasmado explorador dessa caverna e que infelizmente tinha falecido semanas antes da nossa visita em um trágico acidente de moto. Na Toca do Maurino fizemos apenas uma avaliação externa preliminar. Pegamos algumas medidas da entrada da caverna e fizemos fotos aéreas com um drone que poderão ser utilizados para futuros trabalhos de modelagem.



Afloramento da Toca do Maurino.


Avaliação preliminar apenas da entrada. Com imponentes 15 m de largura e 10m de altura a caverna apresenta um enorme potencial espeleométrico.


A nossa expectativa maior era com a caverna que ficava alguns metros à frente e que segundo Dom Jorge apresentava pinturas rupestres na entrada e ossadas no seu interior. Com o adiantar do horário nosso foco seria a exploração e mapeamento inicial dessa segunda caverna que consensualmente batizamos de Toca Dom Jorge. 



A Toca do Dom Jorge apesar de estar situadas a poucos metros da Toca do Maurino apresenta uma notável diferença com relação às dimensões e formato da entrada. A sua entrada estreita e vertical trouxe um pouco de receio para alguns integrantes da expedição. Nas palavras de Ericksson Batista “os primeiros metros descendo por entre blocos aparentemente soltos faz você repensar se realmente aquele era um bom programa para passar o fim de semana”

Visão da parte interna da Toca Dom Jorge.


Decidimos previamente que iriamos explorar a caverna já fazendo a topografia. A equipe da topografia ficou assim: André (Croquista); Marília (Anotadora); Alexandre (instrumentista); Juliano, Yanka e Thiago alternando como ponta de trena e exploradores. Erickson e Daniel ficaram responsáveis pelos registros fotográficos. Os demais integrantes da expedição tomaram a dianteira averiguando até onde e por quais direções a caverna se desenvolvia.



Detalhes da topografia.



A caverna desenvolve preferencialmente na direção nordeste, com um único conduto principal com poucas ramificações laterais. Quase não há ornamentações. Depois de 3h cavernando e 130m de linha de trena decidimos que iriamos parar a topografia naquele ponto que batizamos de salão do carteiro.


Um dos poucos locais com estalactites que vimos.

Salão do carteiro. Limite da nossa topografia no dia.

Com relação às ossadas encontradas principalmente nos primeiros metros após a entrada, percebemos que se tratava de ossos de porco do mato (Tayassu) e que provavelmente deve ser recente.

Ossada de porco-do-mato. 


As informações recolhidas nessa última expedição confirmam nossas expectativas de que Mirangaba tem grande potencial espeleológico. A parte do município que está dentro da bacia do rio Salitre, possui duas faixas de carbonatos com alto potencial cárstico. Além da já conhecida Gruta de Santo Antônio em Taquarendi, cadastramos recentemente a Gruta da Mangabeira com seu notável salão retangular; A Toca da Trincheira com sua fauna sui generis e na presente expedição o complexo de cavernas da localidade de Riacho.

Mapa geológico, mostrando a parte de Mirangaba que está inserida na bacia do rio Salitre. E o potencial espeleológico devido a duas extensas faixas de rochas carbonáticas que cortam essa parte do município. 

Foto oficial da expedição; Thiago, Dom Jorge, Jamilca, Juliano, Tereza, Daniel, Danilo, Marcelo, Marília, Estevan, Gustavo, Erickson, Yanka. Agachados: Erica, Alexandre e André. 
Cavernar é preciso!

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