Essa história começa em 1897, quando o exército brasileiro depois de um ano de guerra e após 4 expedições somando mais de 12 mil homens, armados com as mais modernas armas de guerra da época destruíram o povoado de Canudos no interior da Bahia. E dizimaram uma população de quase 25 mil sertanejos sofredores. No que foi a maior chacina da história desse país.
Poucos dias antes do ataque final das tropas do governo, cerca de 300 mulheres e crianças e meia dúzia de velhos se renderam. E como forma de apagar a memória daqueles que viveram aquela experiencia, todos os rendidos foram degolados.
O jornalista Euclides da Cunha correspondente do Jornal a Folha de São Paulo, passou 3 semanas no local do conflito e descreveu o final da tragédia assim:
" Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até o esgotamento completo. Caiu no dia 5 de outubro de 1897 ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores. Eram apenas quatro: Um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados."
Poucos dias antes do ataque final das tropas do governo, cerca de 300 mulheres e crianças e meia dúzia de velhos se renderam. E como forma de apagar a memória daqueles que viveram aquela experiencia, todos os rendidos foram degolados.
O jornalista Euclides da Cunha correspondente do Jornal a Folha de São Paulo, passou 3 semanas no local do conflito e descreveu o final da tragédia assim:
" Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até o esgotamento completo. Caiu no dia 5 de outubro de 1897 ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores. Eram apenas quatro: Um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados."
70 anos após a tragédia, durante a ditadura militar, Canudos foi destruída pela segunda vez. No local foi construída a barragem do cocorobó (1969). Com a cidade submersa, pretendiam eliminar todos os vestígios do mais cruel e sangrento massacre da história brasileira.
17 de Novembro de 2013, 44 anos após a construção da barragem, A expedição CAACTUS chega para visitar o local e uma raridade esperava nossa visita. Ás águas do cocorobó baixaram completamente, o açude estava totalmente seco, e pela primeira vez, os escombros da velha cidade emergiram por completo.
Uma parte dos integrantes da expedição nas ruínas da igreja que foi derrubada a bala de canhão no dia 5 de outubro de 1897.
A exposição da antiga canudos, permitiu a descoberta de vários artefatos históricos, encontramos uma moeda da época do império.
A data da moeda é de 1869 e tem a imagem de Dom Pedro II.
Ao visitar o parque estadual de Canudos, passar pelos locais onde ocorreram as mortes e ver fotos reais dos sertanejos que ali foram executados. O sangue gelava e era como se os milhares de cadáveres insepultos estivessem ali suplicando para que soubéssemos da sua história.
Exposição de fotos dos sertanejos que morreram durante a guerra.
Espalhados pelos morros que já foram trincheiras de guerra, vários painéis que retratam cenas da guerra de Canudos.
Detalhe de um painel com a representação artística dos quatro últimos abatidos da guera.
A incursão que foi feita em Canudos, foi realmente enriquecedora. Entretanto, o objetivo da expedição especial Cumbe era outro! Pela primeira vez pesquisando fora dos limites da região de Campo Formoso, os integrantes do Grupo CAACTUS ESPELEO partiram dia 15 de novembro de 2013 em direção a cidade de Euclides da Cunha - Ba. Com a incumbência de fazer o primeiro registro oficial de uma caverna naquela cidade.
Fomos recebidos em Euclides por um velho companheiro e integrante da velha guarda do grupo CAACTUS. Paulo Henrique, ou simplesmente PH, recebeu os 15 integrantes da expedição em sua residência com uma apetitosa feijoada.
Feijoada na recepção.
Em frente a casa do companheiro PH, uniformizados e prontos para cavernar.
Antes de cavernar percorremos o sertão em busca do registro fotográfico da Arara Azul de Lear, um pássaro que é endêmico do norte da Bahia, e que pode ser encontrado em poucos locais. Um desses locais é a serra branca, que fica ao sul da região conhecida como Raso da Catarina. Como estávamos próximos nos dirigimos no final da tarde para esperar pelas Araras.
Ficamos até o entardecer, contemplamos o por do sol vermelho do sertão contrastando com o azul intenso do céu sem nuvens. Mas, infelizmente naquele dia as Araras não passaram.
Ficamos até o entardecer, contemplamos o por do sol vermelho do sertão contrastando com o azul intenso do céu sem nuvens. Mas, infelizmente naquele dia as Araras não passaram.
Pôr do sol na Serra Branca.
Na grande planície seca da fazenda Santa Clara, enquanto esperávamos pelas Araras. Aproveitamos para tirar uma foto oficial. Da esquerda para direita: Gilmar d´Oliveira, Monaisa Pereira, Agricia Nielly( Agrária) ,Altemar Serafim, André Vieira, Gustavo Muniz (sucata) Edemir Barbosa, Filipi Kupi, Ivomar Giatanio,Alexandre Santos, Manuel Dias e Luiz Felipe. Atrás: Kevin Dias ( Risadinha) e Josan Cláudio (adubador). Foto: Edson Silva.
O nosso acampamento foi na roça do espeleólogo e anfitrião da expedição Cumbe: Gilmar D´Oliveira. Montamos o acampamento, e tomamos um banho congelante. Muitos venderam o banho de sopapo e dormiram sujos. Por uma questão de ética não trabalharemos com nomes, apenas iniciais: Josan Cláudio, Manuel Dias e Edemir Barbosa foram os que dispensaram o banho gelado.
Na manhã de sábado do dia 16 de novembro a equipe estava pronta para o principal objetivo. As informações que obtivemos era que a caverna se localizava no povoado de Cumbe e apresentava duas entradas: uma entrada vertical e outra horizontal.
Nossa primeira tentativa foi ver a possibilidade de um rappel na entrada vertical. Ao fazer a averiguação fomos atacados por abelhas, o que nos fez optar por ir direto para a entrada horizontal que ficava poucos metros a frente.
A primeira coisa a se fazer ao registrar oficialmente a nova caverna é coletar as coordenadas geográficas com o auxilio de um GPS e dar lhe um nome . Geralmente escolhemos o nome em que a comunidade de moradores já conhece, ou batizamos com o nome da fazenda ou da localidade. E assim denominamos oficialmente a caverna de: Furna da Bacatela.
A prospecção pra encontrar a entrada
Após meia hora de procura encontramos a entrada.
A entrada:. visão externa.
Visão interna da entrada.
A entrada se apresenta na forma de um desnível acentuado formando um tubo que se abre em um salão de pequenas dimensões, não dá pra ficar em pé nesse pequeno salão. Esse padrão de desnível vai continuar ao longo de toda sua extensão, a diferença é que os salões vão pouco a pouco aumentando o volume. Outro aspecto crescente após a entrada é a sensação térmica. A elevada umidade relativa do ar faz com que explorar pequenos trechos seja uma atividade extenuante.
Logo após a entrada a caverna se bifurca. Adjacente a entrada existe um mini salão com pouco mais de 10 m e com muitos vestígios de vistas recentes. Deixando esse mini salão de lado e seguindo na outra direção, vamos encontrar mais um desnível, dessa vez, é necessário atravessar uma passagem estreita, essa passagem dispensa o uso de cordas, mesmo sendo bastante vertical.
Após essa passagem chegamos a um grande salão, denominamos salão do pastel. Estávamos discutindo sobre como nomear o salão, quando escutamos Edson perguntar: - por que aquele salão tinha cheiro de pastel? Na verdade era a mochila de lanches, que estava exalando o cheiro de misto quente.
Salão do Pastel, mostrando marcas de visitação nas paredes.
A partir do salão do pastel, acabam as marcas de visitação, devido a um obstáculo vertical. A caverna prossegue com um desnível bastante acentuado. Necessitando de cordas para a descida. Enquanto fazíamos as amarrações percebemos que daria pra passar rente a parede. Devido a dificuldade da travessia e já que carregávamos cordas, resolvemos fazer uma ancoragem na parede e fazer da corda um corrimão. Com adrenalina a mil, foram atravessando um por um, até todos chegarem ao maior salão da caverna. Com um teto ultrapassando os 10 m de altura, e com algumas estalactites que quase tocam o chão. O salão caactus como foi denominado é o mais bonito salão da Furna da Bacatela.
O salão apresenta mini salões de dimensões modestas, mas que não prosseguem. Após descansar no salão caactus resolvemos voltar topografando.
O limite entre o salão pastel e o abismo que leva ao salão caactus. Na parede esse espeleotema serviu de ancoragem para a amarração das cordas.
Uma das grandes estalactites que ornamentam o salão caactus.
A topografia entre os dois maiores salões da furna. Ivomar como croquista e anotador. Gustavo Muniz como ponta de trena e André Vieira como instrumentista.
Um dos trechos mais complicados para a topografia.
Os dados espeleométricos com as dimensões da caverna serão publicados em revista especializada. Depois de uma boa cavernada, só um bom churrasco com altas discussões filosóficas, roda de piadas e aquela sensação de estar em harmonia com a simplicidade da natureza. Comemoramos mais uma grande aventura científica. Um brinde a expedição especial cumbe.
Socialização pós espeleo.
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