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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Toca do Angico: As garras do Tigre pré - histórico.




Há oitenta mil anos atrás a vida na terra enfrentava o inicio de uma nova era. A era glacial. Um dos animais mais assustadores e simbólicos da era do gelo. Era o grande felino de nome cientifico Smilodon ou como ficou conhecido do publico em geral o Tigre - dente - de - sabre.



Representação artística do Smilodon no filme 10. 000 A.C.



Três espécies do gênero Smilodon todos da Sub -família Machairodontine têm sido encontrados:

Smilodon gracilis: esta é a menor e a mais antiga do gênero Smilodon. Eles pesavam cerca de 55-100 kg e viveram cerca de 2,5 milhões para 500 mil anos atrás. 

Smilodon fatalis: esta espécie substituiu S. gracilis na América do Norte e parte Ocidental da América do Sul. Sua massa corporal foi de cerca de 160-225 kg. 

Smilodon populator. Esta foi a maior espécie da família Machairodontine. Povoava as regiões orientais da América do Sul cerca de 1 milhão de anos a 10.000 anos atrás. A sua massa corporal era entre 200-300 kg, mas o maior espécime chegava a 400 kg. 

Foi a primeira espécie descrita. E encontrada pela primeira vez em 1841 dentro de uma caverna em Minas Gerais, Brasil. Por um Naturalista Dinamarquês chamado Peter Lund em 1841.


Comparação de tamanho entre o S. populator, o S.fatalis , um tigre de bengala atual e um homem. 



Todas as três espécies de Smilodon tinham a mesma característica, os caninos superiores alongados, que atingia um comprimento de 28 cm e sobressaía 18 centímetros para fora da boca. Como a maioria dos gatos as garras do Smilodon era retrátil. Sua estatura parecia mais com um urso do que um leão ou tigre atual. O seu corpo era robusto, poderoso e musculoso, tinha os músculos extensores, flexores e adutores do membro posterior e anterior bem desenvolvidos. 







Vestígios desses incríveis animais podem ser encontrados nas profundezas das cavernas. 


Nesse contexto uma caverna pode ser um portal para um mundo perdido. Onde podemos voltar no tempo e nos surpreender com esses gigantes pré - históricos. 

Na Bahia o principal registro de Smilodon fora  encontrado na Toca dos Ossos em Ourolandia. 

Ainda sem publicação oficial, encontramos em Campo Formoso vestígios de um Smilodon na Toca do Angico. 

A Toca do Angico possui várias entradas. Os grandes salões como: o salão Piemonte e o salão da coruja possuem claraboias e desabamentos que os tornam bastante iluminados, provocando um efeito de cores peculiar a depender do horário que a caverna é visitada.



Assim que chegamos ao afloramento da Toca do Angico, encontramos uma entrada com fundo cego.

A entrada principal é protegida por um tronco de gameleira. 



Começamos a topografia dela em 2013, mapeamos boa parte da caverna em uma única manhã. O trabalho foi realizado com os alunos do curso técnico de mineração da escola CETEP PNI - Jaguarari.

Topografamos os maiores salões e apenas a parte do meio da caverna ficou faltando. Essa parte é labiríntica e com níveis inferiores que tornam o mapeamento complexo.





Logo que entramos nos deparamos com o grande salão piemonte, bem iluminado por varias entradas e claraboia. O piemonte tem grandes blocos no chão que divide o salão, seguindo a direção norte vamos para o também grandioso e iluminado salão da coruja. Nesse local frequentemente observamos uma coruja do gênero Tyto.

O salão piemonte com seus grandes blocos abatidos no chão. 
O também iluminado salão da coruja. 
A topografia no salão do piemonte. Regimário como ponta de trena; Lucas instrumentista, Osmário de croquista e Joice anotadora. Equipes do CETEP PNI - Jaguarari.
Detalhe da leitura do clinômetro. 

Entre o salão piemonte e o salão da coruja um pequeno corredor ainda bem iluminado guarda em suas paredes vários fragmentos de ossos. Ao que parece a parte em que está os ossos já foi o piso da caverna em épocas remotas.


A parede com fragmentos ósseos. 

detalhes dos ossos 

Um desses ossos possui esmalte revelando ser um dente parcialmente soterrado. 


Esses ossos incrustados na parede já era de nosso conhecimento desde 2006, mas só durante a topografia em 2013 que encontramos no final do conduto do tigre mais vestígios que denunciam a presença do emblemático felino.  


Detalhes dos ossos encontrados em 2013. 

No extremo leste da caverna encontra se o salão do cunhão de boi. Esse nome se deve a uma estalactite em forma clave, arredondada o suficiente para lembrar a referida parte dos bovinos.
No salão do cunhão do boi, as paredes parecem ser de um conglomerado com muitos seixos e entre esses seixos mais peças fósseis. A maioria são conchas de moluscos terrestres mas alguns ossos não foram identificados. 

O famigerado espeleotema cunhão de boi. Que dá nome ao salão. 
As paredes e teto do salão cunhão de boi apresentam esses fragmentos. 
Alguns fragmentos são claramente conchas de moluscos. 
Outros fragmentos não foram identificados. 



Na parte da Toca em que não foi feita a topografia os condutos são de meia altura e um desses condutos encontramos um salão repleta de coprólitos. Que é o nome que os paleontólogos chamam as fezes fossilizadas. 
Condutos de meia altura na meiuca da caverna. Esses condutos não estão topografados. 

Detalhe dos coprólitos. 


Muitos segredos da era do gelo ainda estão por ser revelados entre os belos salões e as pequenas passagens das cavernas da Bahia. 

2 comentários:

  1. Muito bem Andre, encontraram o DIEGO, falta o Cid e o resto da turma da ERA DO GELO!
    Grande descoberta!!! otimo texto, belas fotos!

    Jorge

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  2. valeu Jorge. o cid a gente já encontrou tb; em breve publicamos a história

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