21 de março 2014 é regada a
semente, foi a partir desta data que teve origem o tão diverso grupo denominado Sociedade Espeleológica Azimute ou simplesmente (SEA).
Não poderia relatar nossa ultima expedição sem lembrar do nosso primeiro ano de criação.
Reunião SEA para curso de atualização, em menos de um ano de fundação foram 7 grandes expedições e muitas reuniões oficiais e extra oficiais.
Guerreiros se apresentam: Eu sou educador, Eu
sonhador, Eu estudante, Eu salvador, Eu protetor. Depois disso, apontar e muitos
caminhos a trilhar.
Se eu fechar meus olhos nesse momento posso lembrar
quando fui à primeira expedição, inúmeros guerreiros, naquele momento me via
tão protegida e ao mesmo tempo envergonhada por não conhecer a todos, mas o que
eu não sabia é que aquilo era o inicio de uma nova família. Não sei o que puxou
o fio do novelo naquele momento mas o desejo de experimentar o novo me fazia
maior. E bastou pouco tempo pra que o grupo fosse crescendo tanto em guerreiros
como em flores.
E tudo começa basicamente com um
convite, um aperto de mão, poucas palavras e quando se percebe aquela nova
alma, já é da Família SEA, pois todo aquele anseio por uma aventura estava
adormecido, esperando apenas a oportunidade e o momento ideal para fazer com
que todas as nossas vontades passassem de semente a flor, desabrochando a cada
nova expedição.
E as aventuras floresceram, com
isso passamos a conhecer o desconhecido, dar lugar a novas descobertas, aproveitando
as inúmeras risadas, olhares; vendo coragem e medo e ao mesmo tempo força de
vontade para prosseguir a cada novo passo.
Depois de inúmeras aventuras ao
longo do ano, irei relatar a não menos importante ”Expedição rumo a
Tiquara“. 22 de novembro, ponto de
partida Senhor do Bonfim, horário marcado às 7h. Chegamos a Campo Formoso por
volta das 8h30, passando pela escola onde é feita a divisão de carros, pouco depois nos encontramos com o nosso fotografo oficial (O virtual de
Poços, Ronald carvalho ou Roninho).
Chegamos a Tiquara e dessa vez além
de ser feita a nossa primeira parada para refeição, ali também seria o nosso
ponto de exploração. Como sempre somos bem recebidos pela nossa querida
Claudia, uma moça de “1 metro de altura” que se faz ora tímida, ora rustica. Fato
esse que já se tornou um atrativo forte da nossa colega, a turma não perdoa e
sempre provoca o lado nada gentil que a mesma tem. E como se não bastasse ela
teve o discernimento de chamar um de nossos colegas de Seu Lunga (Paulo), sendo
que ela se encaixa no papel de Dona Lunga.
No mero acaso do destino ao termino do café, encontramos com um blogueiro da região que trocou algumas palavras com um de nossos colegas e propôs fazer algumas fotos.
No restaurante grande família acontece nosso café regado a muita descontração e pertubações.
Foto oficial da expedição Tiquara: Ney, Mateus, Jéssica, Ágata, André, Jorgean, Cláudia, Dagoberto, Paulo. Sentados: Diego, Agricia, Kupi, Gilson, Ronald e Altemar.
Uns três quilômetros de estrada
de chão e a equipe já estava a posto, uma simples caminhada nos esperava por
dentro da fazenda que nos levaria a duas cavernas. Nossa primeira aventura era
rodeada de Sisal, a caverna é registrada com o nome de Toca da Cerca e tinha
uma entrada relativamente estreita, e fomos adentrado um a um, ao chegar no
primeiro salão da caverna o grupo foi dividido em dois, Uns pela parte superior
e outros na inferior, em pouco tempo já estávamos a experimentar o que nos
move, num determinado eixo pudemos nos
encontrar. Alguns integrantes do grupo que desbravava a parte superior relatou
que sentiu uma certa dificuldade, contudo seguimos o nosso objetivo principal
que era a observação e conhecimento técnico das riquezas naturais, mantidas a
salvo em uma caverna.
Caminhada entre a plantação de Sisal pra chegar na Toca da Cerca.
Cláudia Torres em uma das entradas da Toca da Cerca.
Logo no primeiro salão da entrada dividimos o grupo em dois. Na foto a exploração dos condutos superiores.
Segundo as palavras de Altemar
Serafim: “Nunca sou de criar expectativas quanto a cavernas, e isso me faz
apreciar todas”. Completou dizendo que é apaixonado por tetos altos e essa em
especial o surpreendeu por na entrada não demostrar tamanha dimensão.
O salão mais ornamentado da Toca da cerca. Foto: Ronald Carvalho
500 m após a entrada a Toca da Cerca tem seus condutos entupidos de sedimentos e as passagens se tornam estreitas e é humanamente impossível prosseguir. É o fim da primeira caverna do dia.
ultimo trecho da Toca da Cerca, depois dessa parte os condutos estão entupidos de sedimentos.
Depois da primeira caverna já nos
encontrávamos relativamente sujos e logo partimos para a nossa segunda aventura
que seria a já bastante explorada Toca da Tiquara, desta vez iríamos procurar lugares que foram deixado sem explorar por ter difícil acesso. Em silencio seguimos ao objetivo maior que seria conhecer um lago
por baixo de grandes pedras, passando por alguns obstáculos. O nosso sábio
conquistador aventureiro da capa de poeira (kupi) é um dos primeiros a chegar,
tratei de acompanha-lo, seguindo as orientações de Ney. Chegamos ao lago e
começamos a jogar pedras pra poder ouvir o som da água, logo decidimos descer
mais, então Kupi resolve lavar as mãos e com isso desperta o desejo dos outros
integrantes. No retorno nos deparamos com Jéssica e Mateus brincando de se melar,
voltando a ser criança e já bem à vontade dentro da caverna chegaram a dormir.
Continuamos nossa jornada e logo depois saímos em mais uma caminhada rumo aquele
velho lavar de rosto em uma água limpa e purificante.
Conduto principal da Toca da Tiquara.
A partir desse conduto na Toca da Tiquara a caverna passa a ser mais úmida.
Alguns dos obstáculos pra chegar no lençol freático da caverna.
Um dos trechos alagados
Partimos agora de um momento de
exploração pra contribuição social, distribuímos algumas simples lembrancinhas,
para as crianças daquela redondeza. Nada mais que justo, uma forma de
agradecimento à família que nos havia acolhido com sorriso e brilho no olhar.
E assim seguimos para o nosso
almoço, um verdadeiro momento de descontração, onde já se podia notar no semblante de alguns o cansaço, em outros o desejo de conhecer a
nova caverna ou simplesmente aproveitar o momento entre amigos, durante o
almoço uma surpresa, quem diria que em um lugar tão distante como aquele o
almoço seria acompanhado pelas belas canções de Renato Russo. ‘’ E a voz tão
doce me falava: O mundo pertence a nós!’’
Partimos para nossa terceira
descoberta do dia. Na beira da estrada onde anteriormente foi uma mina para extração de calcário estão as entradas das cavernas conhecidas como Toca do Clóvis I e Toca do Clóvis II; Os carros teriam que ficar na
estrada que leva Tiquara a Campo Formoso. Recompostos com roupas e alimentação concluída, seguimos a nossa
penúltima descoberta. Antes da entrada havia uma cerca de arame onde teria que
ser feito à travessia, contudo nesse ponto alguns de nossos companheiros não
seguiram com o grupo, optaram a ficar e cuidar dos carros. Logo pude ver que
alguns estavam ansiosos para adentar.
Seguimos um a um, o caminho que só poderia
ser feito em fila indiana e com alguns desvios corporais, chegando a um
ponto que só poderia ser concluído se rastejando, e assim seguimos. A poeira já
tomava conta do espaço um pouco apertado, chegando ao final como combinado,
retornamos fazendo os condutos laterais, não demorando muito pra que se ouvisse
alguns sussurros ao longe ‘’Uma descoberta’’.
Nesse momento havia um conduto a
minha direita e como sou a pessoa menos desprovida de tamanho, kupi pediu para
que eu adentrasse o ambiente que era labiríntico, e logo Ágata se aproximou,
com isso pedi que ela seguisse a esquerda, e eu novamente continuei a direita
onde me deparei com dois crânios, sem saber de que espécie se tratava gritei
Diego para que pudesse tentar identificar. Segui o caminho, concluindo até o
último conduto e reencontrando com Ágata.
O padrão de exploração da Toca do Clóvis.
Uma das descobertas paleontológicas da Toca do Clóvis. Dois crânios de Porcos selvagens, Pode ser dos tipos que ainda existem hoje como os queixada e caititu ou pode ser uma espécie extinta. só um especialista poderá dizer;
Retornamos ao caminho que levaria
a entrada principal e Mateus não parava de dizer: Tem uma entrada muito grande
ali, grande mesmo, mas quem tem coragem, é muito morcego, muito mesmo.. Entrei
olhando para minha esquerda e quando desviei meu olhar para a direita, nossa
nunca tinha me deparado com tantos morcegos em um teto relativamente baixo,
parecia mais uma cortina, e era só colocar luz que eles viam em minha direção e
de todos que realizavam o mesmo feito. Ao chamar André para ver tal espetáculo,
Ágata e Diego também entraram e pudemos
seguir, rastejando em um guano, e morcegos passando a todo momento,
incontrolavelmente, um descuido e algum poderia os acertar, então Mateus grita ‘’barata azul, roxa.. ‘’ e quando
Ágata direciona a lanterna pro seu macacão, ela estava infestada de insetos,
mas o que seria insetos diante daquela aventura. Chegando ao fim desse conduto
tinha uma passagem estreita e como André adora ir a lugares que ninguém nunca
imagina, ele foi e voltou ofegante, decidimos retornar e logo percebemos que
nossa empolgação era tamanha que tínhamos esquecido o caminho, e cada um
apontou pra uma direção, fomos seguindo e em poucos minutos sentimos uma brisa
leve, neste instante me senti viva,
depois de ter passado o inexplicável, e ter mais certeza que por baixo de cada
superfície sempre haverá um mundo calmo e desconhecido.
Mas ainda nos restava uma caverna
desconhecida e muito bem escondida, seguimos em busca, em segundos nos
espalhamos até que Jorgen grita ‘’Achei’’. A Toca do Clóvis II é um real abismo, e começa o processos de estudo, como vamos descer,
expedição sem ZERO UM pra pegar equipamentos, me coloquei a pegar as cordas com
Kupi, muito chateado, chateação essa que tirou nossa atenção e acabamos nos
perdendo, na chegada descobrimos que não tinha corda, retornamos e alguém teria
que descer, como mais uma vez sou a pessoa menos desprovida de peso fui tentar,
infelizmente não se teve muito sucesso. A única coisa que consegui agregar foi
uma picada de abelha que levei (agora posso dizer que não sou alérgica), com a ausência
de equipamentos, decidimos abortar por aquele dia. Material recolhido e me vem
uma brisa boa, uma garoa digna do fim de tarde.
Área da mineração desativada. No piso encontra se o abismo da Toca do Clóvis II
A primeira tentativa de descer o abismo do Clóvis se mostrou infrutífera.
O dia já se foi e a noite vem
vindo com o gosto de missão cumprida e com ele já vem a sensação de quero mais,
afinal nunca chegamos tão cedo aos nossos lares. “Mas
o que ninguém esperava é que depois de todos se despedirem a chave do carro de
Ney iria simplesmente sumir, todo mundo se habilitando a procurar e neste
momento eu ouvia coisas do tipo: ‘‘vamos achar”, dizia Gilson, vamos tomar um
‘‘clichê de Mateus’’, rapaz essa chave tem que estar aqui ‘’kupi’’ e assim
seguimos a saga até que Ney solta uma risada e a turma pergunta achou? Ney
responde não.. Olhamos incansáveis vezes, André foi solicitado e Jessica também,
mas o que não sabíamos é que o universo naquele momento conspirava para que
ficássemos sempre próximo de quem sabe alimentar nossa alma, e decidimos ouvir musica
e comer pizza, tudo na espera de Altemar levar a chave de Bonfim até campo
formoso.
Esforço coletivo pra descobri o mistério da chave perdida
Por isso eu sei de cada luz, de cada cor de
cor, pode me perguntar de cada coisa que eu me lembro. (Clarice Falcão)
Agricia
Nielle
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