Páginas

domingo, 12 de abril de 2015

O EXOCARSTE do Brejão da Caatinga.



Seguindo o nosso cronograma de atividades de 2015, o mês de março estava reservado para prospecção. A prospecção é um trabalho que tem como objetivo pesquisar uma área com algum potencial. Em nosso caso pesquisar áreas com potencial para existência de cavernas. Escolhemos a região de Brejão da Caatinga no município de Campo Formoso - BA.


Já tínhamos coletado informações sobre a existência de grutas na localidade, também é de conhecimento geral a presença de cavernas em povoados que fazem fronteira com o Brejão da Caatinga, logo o potencial lá é imenso.

     
O município de Campo Formoso é cortado pelo Rio Salitre, um importante afluente do Rio São Francisco. E é geralmente seguindo a calha do Rio Salitre que encontramos as principais cavernas da cidade. A foto de satélite do Google Earth mostra o posicionamento da área que prospectamos (o lajedo do Salitre) em relação ao povoado de Brej. da Caatinga e em relação ao leito do Rio Salitre.


Assim que encontramos nossos guias locais partimos para o local conhecido como lajedo do salitre.


Foto oficial Expedição lajedo do Salitre. Mateus, Lá(guia local), Chico da galega (guia local), Manuel, Gilson, Thays, Jorgean, André, Paulo, Josan, Lucas, Edson e Altemar.


Caminhamos pelo lajedo empolgados pela quantidade de pequenos abismos que localizávamos, porém depois de horas explorando ficamos frustrados pela repetição de um padrão: Os abismos, alguns com dezenas de metros de profundidades não possuíam desenvolvimento horizontal a maioria era superficial e sem conexão uns com os outros. Caminhamos por uma grande área, sem encontrar caverna que nos empolgasse. No máximo pequenos abrigos com um salão modesto. No final do dia, já exaustos, recebemos a informação do que parece ser realmente uma caverna com um bom desenvolvimento horizontal, ficava em outra região do brejão da caatinga oposta a região do lajedo e não conseguimos verificar essa informação neste dia.
Visão geral do lajedo
               A exploração dos abismos sempre acabava em pequenos espaços sem conexão.


Apesar da nossa frustração por não encontrar uma grande caverna, precisamos observar que nem só de cavernas vive o espeleólogo. Na verdade a caverna é apenas um dos diversos aspectos que formam a paisagem denominada de CARSTE.


O conjunto espacial que e constitui a paisagem cárstica pode ser dividido em dois domínios: envolvendo a superfície temos o (EXOCARSTE) e no que diz respeito ao meio subterrâneo temos o (ENDOCARSTE). De forma geral o exocarste no Brasil é pouco estudado comparado com o meio subterrâneo. 

Destacam se entre as formas típicas de componentes do exocarste, as dolinas: depressões que se formam na superfície, as dolinas podem atingir de poucos metros a centenas de metros de diâmetro; Os paredões, maciços rochosos, cones e torres de blocos constituem as formas de relevo residuais, são o que sobrou das rochas carbonáticas após os processos de dissolução pela água.


Uma dolina de colapso, o teto sofreu um abatimento.



As formas residuais calcárias podem se apresentar marcadas por sulcos, furos ou saliências irregulares de dimensões reduzidas. Essas microformas são denominadas de Karren (palavra do alemão que atualmente tem sido a mais utilizada internacionalmente). No Brasil essas formas tem sido denominadas de lapiás, e mais recentemente de Karren. 
O karren é bastante estudado na Europa, mas no Brasil são raros os estudos que classificam os karren regionais de acordo com a sua forma ou com sua origem. 
O Karren identificado no lajedo do salitre é caracterizado por canais de poucos centímetros de largura e profundidade, dispostos paralelamente provavelmente em direção a maior inclinação do afloramento. Também podemos identificar buracos de chuvas (rain pits) e marcas onduladas (solution ripples).

O exocarste do brejão da caatinga mostrando os resíduos de antigos maciços calcários esculpidos pela água. 

Karren ou lapiás do lajedo do salitre,  de tamanho relativamente grande e pontiagudos. Com disposição paralela seguindo o escoamento da água. 

Como Registro de Fauna, identificamos dois aracnídeos: O Amblipygeo Phrynichideo;

Um belo exemplar da aranha caranguejeira Theraphosidae 

2 comentários:

  1. O brejão da caatinga tb pode ter sido formado por uma descarga elétrica. Veja a parte final deste vídeo:
    https://www.youtube.com/watch?v=tRV1e5_tB6Y

    ResponderExcluir
  2. O brejão da caatinga tb pode ter sido formado por uma descarga elétrica. Veja a parte final deste vídeo:
    https://www.youtube.com/watch?v=tRV1e5_tB6Y

    ResponderExcluir