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sexta-feira, 2 de março de 2018

Expedição Toca da Boa Vista: "Memento mori"



Quando finalmente estávamos de volta à entrada clássica da Toca da Boa Vista no dia 11 de fevereiro, já havia se passado quase 24 horas do momento que entramos. A frase que resume o nosso estado é o pensamento compartilhado por Thiago: “Pode ter acontecido um apocalipse zumbi lá fora e nem sabemos. Espera aí, do jeito que a gente tá aqui, quem vê a gente quando sair vai achar que nós é que somos os zumbis”

Foto antes de entrar na TBV dia 10/02/18. Sandra, Danilo, André, Jorginhho, Matthaus,Thiago, Leonardo, Sergio e Juliano.

Foto dos "zumbis" após a exploração da TBV. dia 11/02/2018



A Toca da Boa Vista (TBV) teve seus mais de 100km de poeirentos condutos e ardentes salões mapeados e nomeados nos últimos 30 anos pelo grupo de espeleologia mineiro chamado GBPE. São muitos os fatores que fazem da TBV uma caverna icônica, um desses fatores é a divisão dela em “mundos” e cada um desses “mundos” possui passagens e salões com nomes marcantes, nomeados pelos membros do GBPE, são exemplos: o salão dos macacos no ALÉM MUNDO; o salão Quadrado no NOVO MUNDO; o Caminho baiano no TERCEIRO MUNDO; o salão do Morto Vivo no FIM DE MUNDO etc. Todas essas histórias contadas sobre esses “mundos” da TBV acabam marcando profundamente nosso imaginário e desperta a curiosidade de chegar nesses locais inóspitos nas profundezas da Terra em que poucas pessoas pisaram os pés e puseram os olhos. 


O mapa simplificado da TBV.

Quando eu vejo esse mapa da Toca da Boa Vista, sempre imagino o desenho de um espeleólogo deitado na posição para fazer um rastejo. O "Além mundo" é a cabeça do espeleólogo, a entrada (E) fica nos braços estendidos, o "Novo mundo" na barriga e o "Fim de mundo" nos pés dos espeleólogo. 
Seguindo essa analogia da caverna como um esquema de um espeleólogo, os condutos seriam como os vaso sanguíneos ligando os órgãos ( Salões) e conectando todo o "corpo". E foi com esse pensamento que traçamos a expedição de carnaval deste ano: Conhecer a TBV de ponta a ponta. Da entrada clássica até o extremo leste da caverna conhecido como FIM de MUNDO. Nesse percurso conheceríamos o eixo principal da caverna e atravessaríamos os principais “mundos” até o momento registrados.  



Entrada clássica da TBV.




Foi um enorme desafio físico e mental! Mas foi recompensador reconhecer nossa capacidade em orientação, nossa resistência e principalmente nossas limitações diante de um gigantesco labirinto de passagens poeirentas. 

Os destaques na minha visão foram: 

O surreal salão da Alucinação. E a via crucis que foi sair da Alucinação pra chegar ao salão Laje. 

O agradável e belo salão Dragon. Aqui por duas vezes não resistimos tirar uma soneca na areia macia. 

E por fim, mas não menos emocionante, foi ultrapassar a Porta da Esperança (alguém ainda achou no celular um áudio do Silvio Santos) para marcar o momento devidamente.


A passagem da " Porta da Esperança" nos confins do Fim de Mundo, um dos poucos registros que fizemos. 

Chegar tão distante na Boa Vista é como chegar ao topo de uma grande montanha. Nesse ponto é necessário ultrapassar os seus limites, e é o momento que a pessoa se flagra pensando na finitude da vida. É o “memento mori” que te faz refletir sobre o que realmente é importante na sua vida e o que são tolices de uma vida superficial.



Finalizamos a expedição desse carnaval visitando uma dolina, no povoado próximo a Toca da Boa Vista, fizemos a avaliação preliminar e percebemos que precisaríamos de toda uma logística de técnicas verticais e portanto a descida dessa recém descoberta dolina fica para a próxima visita a região.



Impressionante dolina para os padrões da região. Ficamos instigados em conhecer seu interior, mas não estávamos devidamente preparados para a descida/ascensão.


Para registro histórico: Foi essa expedição que inauguramos as novas camisetas com a nova logomarca!

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