Aqui estamos nós mais uma vez,
nos direcionando para Nova Redenção-BA. Na primeira vez que tivemos contato com
a Toca do Engrunado, nos surpreendemos com sua morfologia e seu tamanho,
grandes salões e condutos sem fim. Da primeira vez fizemos apenas um pequeno
reconhecimento da caverna, e verificamos que a caverna na sua parte superior é
quase toda composta por desplacamento e após o abismo a caverna se transforma e
é nítido que a caverna se formou por dissolução. Porém, essa foi apenas uma
visão limitada da nossa primeira visita a essa caverna.
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Entrada da Toca do Engrunado |
Saímos com um planejamento pronto
do que iríamos fazer dessa vez, topografar a parte de cima que parecia ser
menor que embaixo, no segundo dia descer o abismo e começar a topografia de lá,
enquanto a equipe de paleontólogos verificavam os fósseis presentes na caverna.
Então, saímos de Petrolina logo cedo em direção a Nova Redenção em três, André,
Bamberg e eu, e no caminho passaríamos em Campo Formoso para encontrar com
Danilo e ele seguir viagem com a gente.
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Da esq. p/ dir.: em pé: Emerson Cajado, Jardilan, Bamberg, Augusto, Thiago; sentado: Altemar, Som, Didi, Danilo, André e Ney. |
Chegamos em Nova Redenção no meio
da tarde e quando chegamos, o pessoal do GAPPE estava terminando de montar a
escada para auxiliar na subida do abismo no segundo dia. Com a escada montada nos
direcionamos para a Toca do Engrunado, e logo na entrada já tivemos o primeiro
problema, a escada caiu em cima de um inxú de maribondo e alguns de nós fomos
picados, eu sou alérgico e um picou na minha panturrilha, de pronto tomei um antialérgico.
Deixamos a escada na entrada e fomos adiantar a topografia da parte superior da
caverna. Começamos a topografia e quanto mais íamos topografando mais ficávamos
surpresos com o tamanho da caverna, pensávamos que rapidamente topografaríamos a
parte superior. Porém, quanto mais entrávamos, mais a caverna desenvolvia. A
caverna é realmente muito grande, com salões gigantes, alguns condutos laterais
ficaram para a próxima topografia, pois não tínhamos tempo suficiente para
fazer tudo naquele dia. Chegamos em um rastejo pequeno, já próximo do abismo e
o GAPPE foi na frente, enquanto íamos topografando atrás. E do nada um dos
membros do GAPPE reclamou do mal cheiro, e logo no próximo salão demos o nome
de Salão do Cordão Cheiroso (um membro da SEA, com certeza, comeu algo
estragado) OBS: não trabalhamos com nomes.
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Começando a topografia |
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Topografia |
Acordamos, tomamos café e nos direcionamos
para a caverna. Enquanto o pessoal da vertical fazia a ancoragem para descermos
o abismo, a equipe de topografia rapidamente foi verificar algumas entradas
laterais que tinham ficado em aberto no dia anterior, e como esperado, dessas
entradas laterais a caverna se desenvolvia muito. E para nossa surpresa, a
morfologia tinha mudado na parte superior, invés de só desplacamento, começamos
a identificar dissolução na formação da caverna. Topografamos e demos o nome de
Salão da Jibóia, e não conseguimos conclui-lo. Muito ficou para topografar na parte
superior ainda.
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Com a ancoragem montada,
começamos a fazer a descida e aos poucos todos foram chegando na parte inferior
do abismo. A equipe de paleontologia só chegaria 2 horas para frente, então uma
equipe ficou em cima aguardando o restante do pessoal, enquanto o restante que
desceu ia explorar a caverna e procurar por novos fósseis, e muitos foram
achados. Quando a equipe de paleontologia chegou e desceu o abismo, ficaram
realmente entusiasmados com o potencial da caverna. Quando todos estavam lá
embaixo, começamos a topografia e mais uma vez a caverna nos surpreendeu,
muitos condutos tiveram que ficar em aberto na parte inferior da caverna
também. A todo momento a caverna muda seu visual, uma hora com salões gigantes,
outra hora com condutos pequeno e pequenos rastejos.
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Salão Guararapes |
Já se passava das 12 horas de
cavernada e decidimos que era preciso começar a subir, pois só tínhamos uma
escada e tinha muita gente para subir. Começamos a subida, um a um foi subindo
e chegando muito cansado lá em cima. A final de contas são 30 metros de abismo.
Todos subiram pela escada, sempre com um cordão de vida preso ao corpo, em caso
de alguma queda estávamos sempre presos a uma corda. Todos sofreram um pouco
para subir, e teve uma situação em que uma aluna do grupo de paleontologia
simplesmente travou e não conseguia mais subir, os braços tinham fadigado. Foi
preciso subir na outra corda e fazer o resgate dela na corda. Resgate feito,
continuamos a subir. No final da subida, demoramos mais de 3horas para que
todos tivessem subido. Todos inteiros, porém muito cansados. Entramos por volta
das 9hrs da manhã, já se passava de 1hr da madrugada.
Descemos para o restaurante que tínhamos
reservado nosso jantar, estávamos mortos de fome. Comemos, e seguimos para
dormir. Acordamos todos quebrados, mas muito satisfeitos com o resultado da
expedição. Uma caverna incrível, com um potencial paleontológico gigante, muita
aventura e muito trabalho a ser feito ainda. Não vejo a hora de voltar e dar
seguimento a topografia. OBS: primeira vez que a topografia me intrigou mais
que os fósseis em uma expedição.
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Bases lançadas no COMPASS |
Grande abraço e até a próxima!
Thiago Mattos
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