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sábado, 1 de dezembro de 2018

Abismo do Medo II - Não voltar não é uma opção!


Aqui estamos nós mais uma vez, nos direcionando para Nova Redenção-BA. Na primeira vez que tivemos contato com a Toca do Engrunado, nos surpreendemos com sua morfologia e seu tamanho, grandes salões e condutos sem fim. Da primeira vez fizemos apenas um pequeno reconhecimento da caverna, e verificamos que a caverna na sua parte superior é quase toda composta por desplacamento e após o abismo a caverna se transforma e é nítido que a caverna se formou por dissolução. Porém, essa foi apenas uma visão limitada da nossa primeira visita a essa caverna.

Entrada da Toca do Engrunado

Saímos com um planejamento pronto do que iríamos fazer dessa vez, topografar a parte de cima que parecia ser menor que embaixo, no segundo dia descer o abismo e começar a topografia de lá, enquanto a equipe de paleontólogos verificavam os fósseis presentes na caverna. Então, saímos de Petrolina logo cedo em direção a Nova Redenção em três, André, Bamberg e eu, e no caminho passaríamos em Campo Formoso para encontrar com Danilo e ele seguir viagem com a gente.

Da esq. p/ dir.: em pé: Emerson Cajado, Jardilan, Bamberg, Augusto, Thiago; sentado: Altemar, Som, Didi, Danilo, André e Ney.

Chegamos em Nova Redenção no meio da tarde e quando chegamos, o pessoal do GAPPE estava terminando de montar a escada para auxiliar na subida do abismo no segundo dia. Com a escada montada nos direcionamos para a Toca do Engrunado, e logo na entrada já tivemos o primeiro problema, a escada caiu em cima de um inxú de maribondo e alguns de nós fomos picados, eu sou alérgico e um picou na minha panturrilha, de pronto tomei um antialérgico. Deixamos a escada na entrada e fomos adiantar a topografia da parte superior da caverna. Começamos a topografia e quanto mais íamos topografando mais ficávamos surpresos com o tamanho da caverna, pensávamos que rapidamente topografaríamos a parte superior. Porém, quanto mais entrávamos, mais a caverna desenvolvia. A caverna é realmente muito grande, com salões gigantes, alguns condutos laterais ficaram para a próxima topografia, pois não tínhamos tempo suficiente para fazer tudo naquele dia. Chegamos em um rastejo pequeno, já próximo do abismo e o GAPPE foi na frente, enquanto íamos topografando atrás. E do nada um dos membros do GAPPE reclamou do mal cheiro, e logo no próximo salão demos o nome de Salão do Cordão Cheiroso (um membro da SEA, com certeza, comeu algo estragado) OBS: não trabalhamos com nomes.

Começando a topografia
Continuamos a topografia e a caverna sempre prosseguia, finalizamos os trabalhos no primeiro dia depois de 5 horas topografando (muita coisa para topografar na parte superior ainda). Quando estávamos saindo, encontramos os outros membros da SEA que tinham saído mais tarde de Senhor do Bonfim. A ideia era montar a ancoragem já no sábado a noite, porém mais uma vez os maribondos se fizeram presentes e picaram os outros membros da SEA que faltaram, Altemar, Ney, Cajado e Jardilan(calouro). Então decidimos ir dormir e descansar, já que a expectativa era alta para topografar e explorar a parte depois do abismo.

Topografia
Acordamos, tomamos café e nos direcionamos para a caverna. Enquanto o pessoal da vertical fazia a ancoragem para descermos o abismo, a equipe de topografia rapidamente foi verificar algumas entradas laterais que tinham ficado em aberto no dia anterior, e como esperado, dessas entradas laterais a caverna se desenvolvia muito. E para nossa surpresa, a morfologia tinha mudado na parte superior, invés de só desplacamento, começamos a identificar dissolução na formação da caverna. Topografamos e demos o nome de Salão da Jibóia, e não conseguimos conclui-lo. Muito ficou para topografar na parte superior ainda.


Com a ancoragem montada, começamos a fazer a descida e aos poucos todos foram chegando na parte inferior do abismo. A equipe de paleontologia só chegaria 2 horas para frente, então uma equipe ficou em cima aguardando o restante do pessoal, enquanto o restante que desceu ia explorar a caverna e procurar por novos fósseis, e muitos foram achados. Quando a equipe de paleontologia chegou e desceu o abismo, ficaram realmente entusiasmados com o potencial da caverna. Quando todos estavam lá embaixo, começamos a topografia e mais uma vez a caverna nos surpreendeu, muitos condutos tiveram que ficar em aberto na parte inferior da caverna também. A todo momento a caverna muda seu visual, uma hora com salões gigantes, outra hora com condutos pequeno e pequenos rastejos.

Salão Guararapes

Já se passava das 12 horas de cavernada e decidimos que era preciso começar a subir, pois só tínhamos uma escada e tinha muita gente para subir. Começamos a subida, um a um foi subindo e chegando muito cansado lá em cima. A final de contas são 30 metros de abismo. Todos subiram pela escada, sempre com um cordão de vida preso ao corpo, em caso de alguma queda estávamos sempre presos a uma corda. Todos sofreram um pouco para subir, e teve uma situação em que uma aluna do grupo de paleontologia simplesmente travou e não conseguia mais subir, os braços tinham fadigado. Foi preciso subir na outra corda e fazer o resgate dela na corda. Resgate feito, continuamos a subir. No final da subida, demoramos mais de 3horas para que todos tivessem subido. Todos inteiros, porém muito cansados. Entramos por volta das 9hrs da manhã, já se passava de 1hr da madrugada.
Descemos para o restaurante que tínhamos reservado nosso jantar, estávamos mortos de fome. Comemos, e seguimos para dormir. Acordamos todos quebrados, mas muito satisfeitos com o resultado da expedição. Uma caverna incrível, com um potencial paleontológico gigante, muita aventura e muito trabalho a ser feito ainda. Não vejo a hora de voltar e dar seguimento a topografia. OBS: primeira vez que a topografia me intrigou mais que os fósseis em uma expedição.

Bases lançadas no COMPASS


Grande abraço e até a próxima!

Thiago Mattos

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